O corvo e a carcaça
Uma vez, à hora lúgubre da meia-noite,
Enquanto medito,
Já fraca de tanto destilar meu sangue
Em volumes interessantes e valiosos
De uma doutrina esquecida,
Desenho no solo o reflexo da sua agonia
Chorando lágrimas de seu homofóbico sangue;
Chego a ouvir seu vago sussurro
Implorando tardia clemência,
Encho-me de um terror fantástico
Nem assim, só resta-lhe a destruição.
Assim, nada perturbará o silêncio e a imobilidade das trevas,
A gravidade do seu aspecto e a severidade da sua fisionomia
Fizeram sorrir a minha agora sossegada imaginação
Nem corvos pousaram em sua lápide,
Solitariamente empoleirada
Não sentirei saudades, Leonor...
- Aqui não queremos tão podre carne,
Disse o demônio, olhando para ti,
- Até nunca mais!
Nenhum comentário:
Postar um comentário